quarta-feira, 1 de julho de 2009

Antiaérea de Corroios - Ruínas, ruínas e mais ruínas

Enquanto decorreu o conflito da Segunda Guerra Mundial, em que grande parte dos países europeus estiveram envolvidos, Portugal manteve-se neutro e, consequentemente, fora dos confrontos directos. Apesar disto no principio dos anos 40, quando o palco de guerra parecia continuar a alastrar, em Portugal, por questões de segurança, elaborou-se um plano para a defesa antiaérea de Lisboa.

O Comando Geral, regimento que superintendia toda a operação, encontrava-se em Queluz, sendo composto por quatro grupos dispostos em anel na periferia da capital. Na Margem Sul existia então o 4º Grupo Misto de Antiaérea, com comando em Corroios e baterias nos Foros de Amora, Torre da Marinha, Santo António da Charneca, Moita, Samouco e Alcochete. Em cada bateria, existiam normalmente montadas quatro peças de fogo semifixas, de calibre 9,4 cm, que visavam atingir especialmente grandes aviões bombardeiros. Paralelamente a estas, encontravam-se peças de fogo de 4 cm e metralhadoras pesadas, que defendiam também ataques ao solo feitos por caças.

Dirigindo um conjunto de seis baterias, esteve sediado durante cerca de uma década em Corroios, 1942-1952, o comando do 4º Grupo Misto da Defesa Antiaérea de Lisboa. Situado nas dependências da Quinta do Castelo, possuía uma guarnição de cerca de 40 homens, comandados superiormente por um oficial com a patente de major. Nas outroras instalações agricolas da quinta, existia nesta data uma central de transmissões (rádios e telefone) afecta ao comando, uma arrecadação de material de guerra, parque auto e respectiva oficina mecânica, uma pequena enfermaria, uma cozinha, as respectivas messes de oficiais e sargentos e a caserna dormitório dos praças.

Ainda hoje muitos dos antigos residentes de Corroios se recordam de ouvir tocar a alvorada e o recolher pelo clarim, assim como das saídas em pelotão que os militares faziam, marchando pelas ruas da povoação. Hoje, deste importante e estratégico ponto de defesa da capital de Portugal, restam apenas ruínas, entulho, estruturas muito débeis e povoadas por sem abrigo e traficantes de droga. Aos olhos de quem passa, a imagem de uns edificios velhos e em ruínas, são o que Corroios tem para oferecer primariamente, a vila do presente que se diz cidade do futuro mas que não sabe reaproveitar, restaurar e respeitar as obras e memórias do passado. A inércia de um executivo mentiroso como é o da CDU no Seixal, que a única obra que mostra é o tipico engalanar de espaços verdes no período pré-eleitoral, CORROIOS MERECE MELHOR!!

4 comentários:

  1. Muito interessante.
    Por acaso desconhecia isto.
    Já agora, aproveito para colocar à vossa disposição todo o vasto arquivo do "Área Nacional", o meu blogue.
    Quando tenham dificuldades em manter o ritmo na blogação, e gostem de algum texto que encontrem nos arquivos, podem copiar para aqui.
    A doutrina nunca é demais, e a cultura também não.

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  2. Óptimo post. Um achado que permite uma perspectiva da História do nosso concelho. Já me tinha informado sobre o posto de baterias anti-aéreas situado em Queluz, posto esse recentemente destruído, para dar lugar a uma urbanização, mas desconhecia por completo a continuação de tal sistema para a margem sul.

    Irei também aprofundar um pouco este assunto.

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  3. Desconhecia completamente, grande lição de história concelhia que aqui aprendi.

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